NEOJIBA Conecta reafirma caráter revolucionário da educação musical sem fronteiras para jovens
- 06 ago, 2025

Concertos e recitais, abraços de despedida e promessas de reencontros preencheram de música e boas emoções o encerramento do NEOJIBA Conecta, neste sábado e domingo (2 e 3), em Salvador.
O NEOJIBA Conecta é um projeto pioneiro que, na sua segunda edição, reuniu 30 jovens músicos de Angola, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Moçambique e Peru para duas semanas de intensa imersão artística e pedagógica em Salvador e na Região Metropolitana, junto aos integrantes do NEOJIBA. O IDSM, através de captação externa, cobriu todas as despesas — transporte, alimentação e alojamento —, garantindo que o acesso ao projeto fosse gratuito e inclusivo.
No sábado e no domingo à noite, a Orquestra NEOJIBA Conecta, formada pela Orquestra NEOJIBA e por 26 músicos participantes do NEOJIBA Conecta, e o Coro Juvenil do NEOJIBA, com cantores convidados do NEOJIBA Conecta, apresentaram-se no Teatro Salesiano. Já no Todo Domingo no Parque, no dia 3, um grande recital reuniu sete grupos formados por músicos e musicistas do NEOJIBA Conecta e integrantes do NEOJIBA.
A Orquestra NEOJIBA Conecta foi regida por Vinícius Jaloto e Yuri Azevedo. O Coro NEOJIBA foi conduzido por Lucie Barluet, Leonardo Rocha, Herminda Sucena e Hilário Manhiça — estes dois últimos, moçambicanos participantes do intercâmbio. No dia 3, domingo, a orquestra acompanhou a cantora brasileira de ópera Josy Santos, que participou da apresentação de três árias da famosa ópera “Carmen”, de Georges Bizet.
Agenda de trocas e inspirações
Entre os dias 21 de julho e 3 de agosto, os músicos integraram-se à rotina do Parque do Queimado, sede do NEOJIBA, participando de ensaios e rotinas pedagógicas com os integrantes das orquestras e coros do Programa. Na segunda semana do intercâmbio, os jovens músicos da América do Sul e África visitaram os Núcleos de Prática Musical (NPMs) do NEOJIBA, onde realizaram apresentações musicais, participaram de atividades pedagógicas, compartilharam seus conhecimentos e aprenderam sobre o funcionamento dos núcleos.
O NEOJIBA Conecta vai além das apresentações: é um espaço de conexão entre jovens artistas de diferentes culturas. Durante o período, os participantes vivenciaram o espírito do programa, pautado na multiplicação do conhecimento e na formação cidadã por meio da música coletiva.
Aprender para multiplicar
Para a cantora moçambicana Herminda Sucena, as visitas aos NPMs foram uma experiência transformadora. Em Maputo, ela integra o projeto Xiquitsi — programa social de ensino de música —, no qual atua como coordenadora da classe do Coro Xiquitsi. “Amei conhecer os núcleos. Ver a forma como os alunos trabalham e entender como funciona a dinâmica das aulas foi incrível. Há coisas que aprendi aqui e que pretendo levar para implementar lá, no Xiquitsi.”
Da experiência de duas semanas no programa, Herminda destacou a disposição dos integrantes do NEOJIBA e dos intercambistas em apoiar uns aos outros, o que marcou sua participação. “Sentir que tivemos espaço para opinar e dar sugestões nas atividades foi incrível”, contou.
A fagotista Tamara Belén, do Chile, ressaltou a construção de novos vínculos, as oportunidades de troca de conhecimentos e a atmosfera de respeito às diferenças culturais. Tamara define o NEOJIBA Conecta como uma experiência comunal, que envolve “aprender com meus companheiros sobre suas histórias, formas de entender e viver a música”.
O percussionista Lucas Apablaza, também chileno, destacou as visitas aos Núcleos de Prática Musical. “Conhecer os núcleos me permitiu compartilhar o que sei com os integrantes, e isso foi muito gratificante. Foi muito bonito ver os mais jovens almejando, um dia, fazer parte da Orquestra Castro Alves ou da Orquestra Dois de Julho”, lembrou Lucas. “Foram duas semanas de muito aprendizado.”
Rotina transformada
O impacto do NEOJIBA Conecta estendeu-se à rotina dos integrantes locais, que tiveram seu dia a dia transformado pela presença dos intercambistas. “Conviver com músicos de outros lugares do mundo, em especial do Sul Global, fez-me perceber que não estamos sozinhos, musicalmente falando. Saio dessa edição do Conecta com um novo olhar sobre tudo o que me cerca — tanto da América Latina quanto da cultura africana”, afirmou o trompista Ueliton Pereira. “Para um jovem como eu, negro, vindo de fora da capital e de origem periférica, participar de um projeto assim muda toda a minha trajetória de vida. Agora tenho amigos internacionais e, para além da experiência musical, laços que vão ficar para a vida inteira.”, disse.
Um sonho que atravessa fronteiras
O NEOJIBA Conecta foi idealizado por Ricardo Castro, diretor-geral do NEOJIBA, a partir de um compromisso assumido durante a Academia de Orquestras Latino-Americanas, no Teatro del Lago, no Chile, em 2024. Inicialmente voltado à América Latina, o projeto foi ampliado para a África, de modo a fortalecer laços culturais e educativos entre países do Sul Global.
A primeira edição reuniu 30 jovens de Angola, Chile, Colômbia, Equador, Moçambique e Peru, provenientes de iniciativas de destaque, como Iberacademy, Sinfonía por el Perú, Orquestra Sinfónica Kaposoka e Xiquitsi — este último, um projeto moçambicano criado pela oboísta e ex-ministra da Cultura Eldevina Materula, inspirado no próprio NEOJIBA.
Música como linguagem universal
O NEOJIBA Conecta reafirma o poder da cultura e da arte como instrumentos essenciais de integração e compreensão mútua. Por meio da música coletiva, jovens de diferentes realidades constroem uma comunidade mais unida, solidária e transformadora.